Imagem: Sorocaba Globalizada |
Rostos diversos e desconhecidos que vêm e vão à procura do meio de transporte coletivo mais estressante do mundo. O Terminal Santo Antônio é o perfeito exemplo de contradição. O silêncio é quebrado pelo barulho dos ônibus que entram e saem do local. As vozes caladas nos dão a sensação de tranquilidade, mas só a sensação. Na verdade, a pressa e a correria são as rainhas desse castelo. As senhoras se perdem nos horários: “Que ônibus eu pego para chegar ao Jardim Iguatemi?”. “A senhora pode esperar o Retiro São João, que chega daqui a 40 minutos, ou pegar o Expresso, ir até o Terminal São Paulo e lá pegar o Iguatemi mesmo”, responde a atendente, pouco se importando com o longo tempo que leva para qualquer uma das escolhas. A melhor opção é esperar lá mesmo, para não ficar se apertando na lotação do Expresso. Pelo menos agora é possível esperar sentado e, se precisar, utilizar o banheiro chique do terminal.
A calma das
senhoras é substituída mais ou menos às 12h30 pelas risadas altas dos
adolescentes que acabaram de sair da pior aula de física da vida para ir para
casa almoçar o bife com batatas da mãe. Dezenas de jovens conversam, riem,
jogam baralho e por que não tomar um milk
shake? “Ah se minha mãe souber que estou tomando isso antes do almoço!” –
não importa, a garota vai chegar em casa e engolir o bife do mesmo jeito.
Os trabalhadores também vêm e vão na sua rotina. O costume é tão forte em
bater o cartão na catraca todos os dias que até se esquecem de comprar o passe
que a esposa pediu. “Como esqueceu pela segunda vez se você passa por lá todo
dia?”.
A paisagem se
completa com os guardas municipais, sem ter muito o que fazer ali, gente que
entra no terminal para pedir coisas, pessoas promovendo instituições de
caridade, um senhor que bebeu demais...
Os motoristas
aproveitam a parada de dois minutos no terminal para descer e esticar as
pernas, tomar um café, comer um pão de queijo e papear com os colegas.
As tribos ali se
misturam em harmonia. Raramente acontecem brigas, desentendimentos, acidentes.
É uma bagunça organizada.
A paisagem, além
de ser formada por senhoras, adolescentes, bêbados, policiais, motoristas,
mendigos, é ainda completada por... pombos. Talvez haja ali mais aves do que
pessoas. Alguns os repelem, outros aproveitam para oferecer-lhes um pouco do
Fandangos que estava na mochila.
E nesse vai-e-vem
os ônibus entram e saem passando por centenas de vidas, cada uma com sua
história, cada uma com um lugar para ir. Essa gente pega um ônibus para chegar
a mais um lugar, ter mais uma história para contar e um novo lugar para ir. Por
favor, moça, qual ônibus pego para chegar ao paraíso?
Tamara Araújo
(AgênciaJor/Uniso)
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