Completando um
longo ciclo, a Universidade de Sorocaba (Uniso) abrirá as portas na próxima
quinta-feira, 5 de dezembro, para o 1º Desfile de Conclusão de Curso do
programa de graduação em Moda da universidade.
Como explica a
professora mestra Laura Anacleto, coordenadora do curso, a ocasião do desfile é
um brinde a um projeto consistente, desenvolvido ao longo dos quatro anos do
bacharelado em Moda. “O vestuário, tendo um grande papel social, serve para
apresentar os discursos fundamentados que foram pesquisados até então. O
desfile em si é como uma apoteose da história a ser narrada”, ela diz.
Engana-se quem
pensa, portanto, que o evento é somente uma ocasião festiva. Sendo uma amostra
da eficiência dos projetos de pesquisa, o desfile tem como objetivo apresentar
por meio das peças finalizadas o resultado da teoria e da prática em Moda.
O processo de
concepção de uma coleção começa pela pesquisa de referências bibliográficas e
de tendências sociais. Antes da confecção em si, são consideradas questões como
as melhores aplicações dos tecidos e a ergonomia, por exemplo. Depois, há a
modelagem das peças-piloto e a prova com as modelos, antes de chegar, por fim,
à produção de fotos para editoriais, à escolha do local e da trilha sonora dos
desfiles e a produção de textos para a imprensa. No dia do evento, o trabalho
inclui ainda o backstage, caracterizado
pelo trabalho de produção, desde cabelo e maquiagem até a organização da ordem
de entrada e da troca de peças.
O professor mestre
Flavio Roberto Lotufo, um dos docentes por trás do desfile, explica que, no dia
do grande evento, o maior desafio dos estilistas é entender as idiossincrasias
de cada coleção. “Os estudantes devem cuidar, inclusive, da postura do modelo
diante da roupa. Quando você faz, por exemplo, um desfile de moda jovem, o que
a gente chama de streetwear, a
postura é mais descontraída; quando você faz um desfile de roupas de festa, a
postura do modelo é diferente. Você tem de entender o que é que a roupa está
pedindo,” ele explica.
A partir das 19h30,
no auditório do bloco F do campus Cidade Universitária, nove estudantes
apresentarão cinco looks cada,
compreendendo temas bastante diversos. Para os fashionistas de plantão, três
foram selecionados para dar um gostinho do que está por vir. Confira:
Coleção da estudante Stéfany V. de Oliveira será uma das apresentadas no desfile |
Feminilidade: tensão entre força e leveza
A coleção
apresentada pela estudante Mariana Faioli tem como tema um resgate da
feminilidade da mulher por meio do balé clássico, que, segundo a autora,
representa a harmonia entre leveza e força.
“Hoje em dia
existe um foco muito grande na mulher empoderada, que corre atrás, que é forte,
e eu acredito que a mulher seja tudo isso, mas eu quero quebrar esse paradoxo
de que o que é forte não pode ser leve. A técnica do balé é uma das mais
difíceis do mundo, porque ao mesmo tempo você tem de ser muito forte para
concluir os movimentos, mas ser muito leve para não fazer barulho, para que a
dança seja fluida”, ela justifica.
Para a estudante,
o que as pessoas pensam em geral sobre Moda depende da profundidade com que elas
escolhem abordar a questão: “A Moda só é superficial para quem vê a Moda
superficialmente. Ao longo da história, a Moda refletiu o que a humanidade
vivia em diversas épocas.” A Moda, para ela, é um espelho da sociedade e a sua
coleção, nesse sentido, está inserida num momento de tensão, em que uma nova
identidade contemporânea feminina está se formando.
Retorno às expressões tupiniquins
“No meu caso, eu
quis abordar a cultura brasileira, pois penso que a Moda é muito focada no
hemisfério Norte, nos EUA ou na Europa”, conta a estudante Stéfany Vitores de
Oliveira. Ela acredita que manifestações culturais de massa não burguesas, como
o Carnaval, são demasiadamente marginalizadas, portanto deseja ressaltar, por
meio de sua coleção, o valor histórico desse elemento social tipicamente
brasileiro.
“Eu acredito que é
muito importante que a gente repense a indústria da Moda, que hoje é totalmente
mercadológica, conferindo-lhe novos significados”, defende a estudante. “As
pessoas não se vestem só porque elas precisam; elas se expressam e se comunicam
por meio da Moda, e é importante que a gente compreenda esse valor social, as
questões sociais por trás do ato de se vestir, que pode ser um ato político, ou
a expressão de uma manifestação cultural.”
Sustentabilidade
Já Bianca
Ferigatto Eles foi motivada pela vontade de mudar a visão das pessoas sobre a
Moda quando o assunto é sustentabilidade. O objetivo é mostrar que as peças de
roupa podem sim ser reaproveitadas várias vezes, sacramentando a ideia de que
as roupas não são descartáveis de acordo com as mudanças de estações. Com meio
ambiente no cerne da sua concepção, a coleção tem como tema a poluição dos
oceanos.
“Eu quero mostrar
o quanto é importante cuidar da cadeia de produção de uma peça, da forma mais
limpa possível”, ela diz, defendendo que as peças podem ser bonitas e, ao mesmo
tempo, sustentáveis tanto ecológica quanto socialmente: duráveis, produzidas
por meio de mão de obra legalizada e sem desperdício de recursos.
Para quem deseja
conferir essas e outras coleções, a Uniso fica localizada no km 92,5 da Rodovia
Raposo Tavares. A entrada para o evento é gratuita e aberta a toda a
comunidade.
Agência Focs / Jornalismo Uniso
Texto: Camilla de Cássia Miranda, Lucilene Delmiro da Silva, Mainny Rodrigues da Silva e Matheus Rodrigues de Oliveira
Imagens: Samuel Bruni e Laura Chaves
Imagens: Samuel Bruni e Laura Chaves
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