Com início no Brasil Imperial ,
em 1827, o Dia do Professor foi instituído com o objetivo de tornar a educação
mais acessível no país. Porém, mesmo com essa acessibilidade, a profissão não é
valorizada como deveria, ainda que todas as outras áreas dependam dela para
existir.
“Hoje, o maior desafio de ser
professor é a desvalorização da profissão e do conhecimento no nosso país, por
parte dos alunos com a indisciplina e dos pais que não confiam no nosso estudo.”
É assim que Patrícia Ribeiro, que leciona há quase 20 anos e atualmente atua no
Ensino Médio de uma escola privada de Sorocaba, enxerga o obstáculo atual do magistério.
Portanto, não basta a desvalorização do ensino por parte dos gestores públicos,
o professor ainda tem que lidar com alunos que o desrespeitam e pais que duvidam.
Por outro lado, ao serem
constantemente desafiados, docentes se desdobram para manterem a motivação,
inspirações e memórias positivas. O incentivo de alguém para seguir a carreira,
por exemplo, costuma ser considerado valioso e guardado na lembrança. Fernando
Negrão Duarte, que está nesta área desde 1996, foi incentivado por um
profissional a ensinar num curso de Fotografia, em torno dos seus 18 anos. “Ele
veio me perguntar se eu poderia dar aula e eu não tinha a mínima ideia do que
era dar aula porque, até então, eu era aluno”, e nessa oportunidade que o
professor Fernando montou a sua primeira apostila com o auxílio e inspiração de
um antecessor que acreditou nele.
E para quem deseja seguir essa
carreira, Negrão enfatiza cinco exercícios diários: a paciência, para lidar com
o ambiente diverso que é a sala de aula, onde emoções, sensações e desejos se
manifestam em todos de maneiras diferentes; entusiasmo, que, como ele mesmo
explica “se você perder o entusiasmo, você contamina o aluno, e a classe
percebe”; a vontade de ensinar, porque só o aspecto financeiro não é o
bastante; estudar sempre, já que os alunos têm acesso às mesmas informações de
quem dá a aula, portanto, é preciso estar atualizado; e aprender com o aluno,
“se você não volta pra casa com alguma coisa que você aprendeu com o aluno
naquele dia, não valeu a pena ter saído de casa”, conclui o professor.
Dentre todos esses aspectos, ser
professor é considerada a “profissão do futuro”, como entende Marisa Telo,
professora formada há 25 anos em Letras pela Universidade de Sorocaba. É “do
futuro” porque é a única maneira sensata de resolver os problemas do presente,
de desigualdade, violência e desrespeito. É “do futuro” porque todos que se
envolvem com o ensino, o levam pra vida, para o futuro.
“Educar é uma missão”, como diz
Alessandra Costanzi, professora da rede privada de Sorocaba, atuante no Ensino Fundamental.
A escola é o primeiro ambiente de socialização, “essa criança carrega toda uma
educação proposta pela família da qual ela vem, de quais limites foram impostos
a ela”, continua a professora. Para ela, é na escola onde se aprende a lidar
com as primeiras diferenças de idade, comportamento e, principalmente, as
formas de ensinar vindas do ambiente familiar.
Alessandra destaca como
gratificante apoiar o aluno a superar seus obstáculos, e ao ajudá-lo a traçar
seus caminhos, sua vida é marcada (professor ou aluno), em qualquer aspecto que
seja. Com este alcance na relação, “Se
estabelece um laço de carinho”, complementa Marisa Telo. A relação professor-aluno é mútua, porque é impossível
emitir uma mensagem, sem que tenha alguém para recebê-la.
E hoje, no Brasil Republicano, em
que, além das dificuldades já mencionadas do início deste texto, muitos ainda não
conseguem enxergar que a educação é a base para progredir, e, sem ela, não
existe ordem. Mesmo assim, o professor faz parte da história, é ele quem conta,
explica e reexplica, se necessário. Muitos atravessam quilômetros pra dar aula
sem lousa e sem livro. E mesmo para os que não percorrem essa distância, o
esforço está no dia a dia, na rotina que se desdobra para ensinar.
Seja por pura vocação ou porque
ensinar se tornou meta na vida, professores seguem enfrentando desafios e
marcando a vida de alunos, afinal, todos costumam ter histórias especiais de pelo
menos um professor guardado no coração.
Texto: Bruna Deroldo – Agência Experimental de Jornalismo (AgênciaJOR/Uniso)
Foto: Divulgação - Freepik
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