Uma homenagem de uma futura jornalista à professora que incentivou o gosto pela leitura
Aprender a ler é redescobrir e descobrir o mundo, podemos
tocar o conhecido e o desconhecido. Ler, sem dúvida, abre infinitas
possibilidades, muitas vezes, lembra a arte. As palavras pincelam os seus
significados na mente e algumas marcam para sempre suas cores no coração.
Desde pequena, os livros pareciam sorrir para mim. Até os
seis anos, as ilustrações me alegravam, mas aos sete anos foi quando tudo
começou a fazer sentido. Eu tinha uma professora especial, tão especial que
nunca conheci outra pessoa com o nome dela, o seu nome era Aletéa.
Bonecos ampliam experiência de leitura para crianças |
A professora Aletéa era atenciosa e divertida, muitas vezes
eu a deixava embaraçada fazendo muitas perguntas. Sorte dela que a nossa sala
tinha poucos alunos, mas eu valia por dois. Foi por sugestão dela que começamos
a ler um livro chamado “Lolo Barnabé”, de Eva Furnari, e isso, até hoje faz
parte das minhas recordações especiais da infância e do meu processo de
alfabetização.
O livro conta a história de uma família primitiva e alegre,
porém, insatisfeita. Lolo Barnabé, o personagem principal, começou a inventar
os bens materiais com a intenção de oferecer conforto à sua família e assim se
desenrolava a história que prendia nossa atenção.
Cada aluno tinha o seu livro. Aletea leu toda a história e
dizia para a gente prestar atenção na nossa amiga chamada vírgula, e também na
outra chamada entonação. Sentávamos em roda perto da horta da escola e foi ao
lado dessa horta e de meus colegas que cultivei a ousadia de errar e acertar,
quando aprendi a ler em voz alta.
Entre gaguejos e risadas, tropeçava nas palavras, foi na brincadeira
que aprendi a ler, Aletea não me deixava desistir de nenhuma palavra, até que
fosse corretamente pronunciada. Ela também não deixava que eu atropelasse
nenhuma vírgula ou ponto final e o meu orgulho foi saber que eu já era amiga da
entonação.
Ler é uma arte, ensinar faz parte dessa arte. Professores
despertam as cores do saber e das palavras em crianças, jovens e adultos. Bons professores
dividem o conhecimento e apreciam os resultados com amor, insistem em diluir as
cores do próprio saber no intelecto dos alunos para que deles surjam novas
cores e grandes saberes.
Jamais esquecerei do rosto, da voz e das palavras e
ensinamentos de Aletea, uma professora especial da escola que, não por acaso,
foi batizada de Aquarela. Gostaria muito que ela soubesse que as cores daquela
escola, estavam dentro dela e nas minhas melhores memórias.
Texto e fotos: Vivian Helen – Agência Experimental de Jornalismo (AgênciaJOR/Uniso)
0 comentários:
Postar um comentário