Em alguns cursos, a predominância dos gêneros se alterna. Na área de
Saúde, há cerca de 90% de mulheres, mas nas Engenharias e na Filosofia, a
presença masculina é de até 80%. Atualmente, 60% dos funcionários da
Uniso também são mulheres e elas atuam em todos os setores da universidade
Neste domingo, 08 de Março, mais de cem
países celebram o Dia Internacional da Mulher. A data é normalmente dedicada a
ações de conscientização pela igualdade entre os gêneros, seja no campo
profissional, social ou pessoal. E no ambiente acadêmico a presença feminina,
apesar de muito marcante, ainda é cheia de desafios.
Na Universidade de Sorocaba, no universo de
aproximadamente 10 mil alunos, 60% são mulheres, prova de que elas buscam a
formação, compreendem a importância de investir nos estudos em busca de uma
profissão e uma carreira. Seja por meio de programas de financiamento ou
bolsas, seja trabalhando para custear os estudos, o esforço em busca da
graduação ou da pós-graduação é para elas o caminho para um futuro melhor.
Emily Cabral - Arquivo pessoal |
Para
isso, dependendo da área escolhida, essas alunas encontram e precisam se
adaptar a um ambiente predominantemente masculino. Foi o que aconteceu, por
exemplo com Emily Micaely Cabral, 22 anos, ao ingressar no curso de Filosofia e
fazer parte de uma turma composta por 38 homens e oito mulheres. Como escolheu
a área para “sair da zona de conforto”, a situação não se apresentou como uma
dificuldade para Emily que já tinha muito claro o desejo de ser diferente e não
se enquadrar no que ela chama de senso comum.
Com
este objetivo e tranquila porque nunca sofreu preconceito e convive com colegas
que têm um pensamento bem aberto, Emily também quer trilhar um caminho
diferente da maioria. Enquanto uma considerável parte das pessoas que fazem Filosofia
seguem para a formação de seminaristas ou cursam teologia, Emily não pretende seguir
os estudos religiosos. Ela deseja se especializar em psicologia e dar aulas no
futuro.
Valéria Garcia - Arquivo pessoal |
Valéria
Garcia, 43 anos, casada, terapeuta, mora em Sorocaba e cursa o sétimo semestre
de Filosofia na Uniso. Além da faculdade, como toda mulher que luta pelo seu
espaço, Valéria tem um dia bem cheio, tendo que cuidar da casa, família, ser
estudante, terapeuta e fazer um curso voltado para a psicanálise, que é a área
de seu interesse. Ela explica que a grande maioria dos alunos de sua sala são
seminaristas e pretendem ser padres e entre 60 alunos, apenas seis são
mulheres.
Ter
entrado na universidade com mais de quarenta anos é apontado por ela como
apenas um dos vários desafios diários em busca da formação. Ela diz que não
enfrenta dificuldades com os colegas homens, pois são bem harmoniosos, mas a situação
desagradável está, muitas vezes nas outras relações. “Nunca sofri preconceito
na sala por ser mulher, mas já ouvi piadas preconceituosas fora dela e
comentários, até de parentes, questionando a escolha do curso”, conta.
Valéria,
diz que o preconceito e machismo existem sim em todos os lugares, até mesmo
numa festa, quando homens e mulheres ficam separados. “Eu sempre odiei essa
separação. Acho que, sem saber, já era uma feminista. Hoje eu me considero
mesmo, não no sentido de achar que mulher tem que mandar, acho que direitos tem
que ser iguais, tanto para homem, quanto mulher”, comenta Valéria. Para quem
ainda precisa de um incentivo, a estudante fala “se você tem vontade de fazer,
faça sem pensar se é de homem ou mulher, não existe isso: rosa é de menina e
azul é de menino, existem profissões, trabalhos. Faça o que você quiser, você
está segura do que quer? Então temos que trabalhar no sentido de encorajar as
mulheres a fazerem o que quiserem”, recomenda a estudante.
Dias de luta
Em 1911, houve um incêndio numa fábrica em
Nova York causando a morte de 125 mulheres que eram exploradas nas relações de
trabalho. A situação gerou manifestações em defesa pela igualdade entre
mulheres e homens, chamando a atenção para um longo caminho a ser percorrido. Apesar
dos acontecimentos anteriores, somente em março de 1975 foi criado oficialmente
o Dia Internacional da Mulher pela Organização das Nações Unidas (ONU).
No Brasil ainda há muito o que se
conquistar para que a mulher tenha respeito e igualdade na sociedade, pois
apesar de tantas leis em proteção ao direito da mulher, segundo dados do G1,
publicados em 05/03/2020, o país teve em 2019 um aumento de 7,3% nos casos de
feminicídios (crime de ódio motivados pela condição de gênero).
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Texto: Maria Clarke
Fotos: Arquivo pessoal
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