Nos
próximos três meses, até o fim de 2019, quase 60 mil brasileiras terão sido
diagnosticadas com câncer de mama, o tipo mais comum entre as mulheres. Os
dados são do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), o
órgão auxiliar do Ministério da Saúde para o desenvolvimento de ações integradas
para a prevenção do câncer no Brasil.
Naturalmente,
esse não é um diagnóstico fácil de se ouvir, o que pode levar muitas mulheres a
postergar exames periódicos. Contudo, vale lembrar que as chances de sucesso
durante um possível tratamento são diretamente proporcionais à sua precocidade.
É nisso que, em grande parte, se baseia o Outubro Rosa, o mês de
conscientização sobre o câncer de mama, que começou nesta semana.
Bárbara
Timóteo Amendoeira, 44, é uma das milhares de mulheres que compõem essas
estatísticas. Desde os 19 anos de idade, ela vinha acompanhando um nódulo na
mama direita.
“Eu o acompanhei durante vários anos, por meio de mamografias,
ultrassonografias e biópsias”, ela relembra. O nódulo foi retirado em 2007, mas
outros vieram depois, o que fez com que ela se habituasse a passar por exames
semestrais. Em 2015, depois de mais uma biópsia, ela recebeu a notícia de que
estava com câncer de mama.
Para
ela, a fase mais difícil do tratamento foi aceitar as alterações em sua
aparência física, assim como as restrições naturais à sua liberdade, devido às
sessões frequentes de quimioterapia e radioterapia. “Eu me sentia estranha e
diferente, então o que fiz foi procurar locais onde eu não me sentisse tão
diferente assim”, ela conta. Parte desse apoio Bárbara encontrou na Liga
Sorocabana de Combate ao Câncer, uma organização não governamental que lhe
rendeu várias amizades com pessoas que já tinham passado por um câncer ou
estavam passando naquele momento. “Estar nesse meio me ajudou a passar por essa
fase difícil”, ela diz.
O
apoio familiar também foi um elemento que fez bastante diferença para Bárbara.
Sua filha Helena, que na época tinha apenas 9 anos, foi uma de suas maiores
fontes de inspiração para continuar a luta. “Helena foi minha companheira
constante. Ela participava de eventos comigo e sempre esteve ao meu lado. Eu me
recordo do dia em que expliquei a ela que os meus cabelos iriam cair e
perguntei se ela não se importaria. Ela me disse que não e, então, no primeiro
dia em que eu a busquei no colégio, usando um lenço na cabeça, ela me fez
sentar com as amigas e mostrar diferentes formas de amarrá-lo”, lembra-se a
mãe, orgulhosa.
Prevenção em primeiro
lugar
O
câncer de mama não possui apenas uma causa. Diversos fatores — genéticos, endócrinos, comportamentais
e ambientais —
estão relacionados ao surgimento da doença, o que torna bastante difícil
prescrever um método específico de prevenção. Sabe-se, contudo, que um estilo
de vida saudável pode ajudar a diminuir o risco; de acordo com o Inca, uma
alimentação regrada e a prática regular de atividades físicas são ações
relativamente simples que podem diminuir a propensão de se desenvolver a doença
em até 28%. A idade também é um desses fatores: mulheres a partir dos 50 anos
são estatisticamente mais propensas a desenvolver o câncer, o que exige cuidado
redobrado na hora do autoexame.
“Além
disso,” alerta a biomédica Vivian Foramiglio, “o autoexame não substitui o
exame físico conduzido por um médico e outros exames como a mamografia, o ultrassom
e a ressonância magnética, assim como a biópsia, no caso de um nódulo. Esses
são os exames que podem definir se, de fato, uma paciente tem um câncer, qual o
tipo de tumor e a sua localização exata.” É importante ressaltar, também, que
para mulheres que já têm casos de câncer na família, como é o caso de Helena, o
cuidado deve ser redobrado e começar mais cedo.
Em
caso positivo, vale lembrar que o diagnóstico não é uma sentença; existem
diversos tipos de tratamento, locais e sistêmicos, que variam de acordo com o
tipo, o local e o estágio da doença. “A melhor coisa”, Bárbara recomenda, “é
pensar que todas essas mudanças são passageiras, e que beleza e força são
coisas que vêm de dentro.”
Agência Focs / Jornalismo Uniso
Texto: Danielle Berti, Letícia Foramiglio, Yasmin Oliveira
Imagem: Arquivo Pessoal
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