Medo, vergonha,
insegurança. Esses sentimentos são comuns na vida de quem está acima do peso.
Muitos passam por dificuldades, sofrem preconceitos e também se isolam.
Foi por esse motivo que Matheus Nunes de Oliveira, 23, advogado, resolveu fazer uma viagem pela costa Sul do Brasil e todo o Uruguai. Seu propósito? Superar-se em algo desafiador e incentivar as pessoas.
Foi por esse motivo que Matheus Nunes de Oliveira, 23, advogado, resolveu fazer uma viagem pela costa Sul do Brasil e todo o Uruguai. Seu propósito? Superar-se em algo desafiador e incentivar as pessoas.
Aos 15 anos, Oliveira era atleta, campeão de
motobike, vice-campeão de ciclismo e estava em boa forma física. Depois de
deixar os esportes para concentrar-se nos estudos, começou a engordar e chegou
aos 120 quilos. As dificuldades começaram a aparecer e, com elas, o medo. Tinha
amigos, mas não saía de casa por vergonha, e aos poucos ia deixando de praticar
atividades comuns, como ir a um parque de diversões, por receio de quebrar
algum brinquedo. Percebendo o problema decidiu mudar, saiu da sua zona de
conforto e tomou uma iniciativa.
Ele conta que emagreceu
de forma drástica, estava desesperado, chegou a conversar com nutricionistas,
baixou alguns aplicativos de controle de emagrecimento e fez estudos sobre
alimentos, porém, não teve um acompanhamento profissional, o que foi um erro. “Hoje,
deixo um alerta para quem deseja realmente emagrecer, que busque um
profissional da saúde ou do esporte”, diz.
Após perder 40 quilos
em seis meses, decidiu fazer uma viagem para mostrar que é possível ter uma
vida saudável com esportes e uma boa alimentação. A viagem durou 42 dias, desses,
Oliveira pedalou 33. Foram mais de dois mil e cem quilômetros percorridos, que
equivalem, aproximadamente, à mesma distância de São Paulo a Salvador. O
restante dos dias ele caminhou, correu e também fez natação, mas parou com a
chegada do inverno.
Matheus antes da perda de peso (à esq.) e durante a viagem |
A ideia da viagem era
não se hospedar em hotel. Dormiu em diversos lugares, como a base do corpo de
bombeiros, polícia, embaixo de uma mesa de sinuca, no vestiário de ginásio de
esportes e, na maioria das vezes, pessoas cediam suas casas. Conta, com entusiasmo,
que durante o caminho teve experiências incríveis. “Tudo foi magnífico, o mais
impressionante não foram os lugares bonitos ou visualmente fantásticos, mas as
pessoas e amigos que fiz durante toda a viagem”.
Oliveira saiu de São
Paulo e entrou no Uruguai pelo Chuí. Já emocionado, pensou “estou cruzando a
fronteira do meu país com uma bicicleta”. Chegando ao Uruguai, foi para reserva
de Santa Teresa. Mais adiante chegou a Castillos, teve ajuda da rádio da cidade
para conseguir hospedagem. Seguiu o roteiro por Maldonado, Bello Horizonte e,
enfim, Montevideo.
Chegando à capital
uruguaia, teve a alegria de encontrar com alguns brasileiros que estavam a
passeio. Foi recebido com carinho. Muito emocionado, conta que não se recorda
do que aconteceu naquele momento, só se lembra da sensação inexplicável de
estar lá. Depois de cinco dias na cidade, ganhou uma viagem para Colônia del Sacramento.
“É um lugar encantador, romântico e charmoso, fiquei duas noites e tive a
oportunidade de ir para Bueno Aires de barco”. Foi de Bueno Aires até Foz do
Iguaçu, de ônibus, 18 horas de viagem que valeram a pena, pois, além da cidade,
pôde conhecer o parque das aves e teve contato direto com as araras.
A chegada a São Paulo
estava programada para um domingo, mas Oliveira chegou no sábado, surpreendendo
a família.
Diário da viagem rendeu um livro |
Hoje, ministra
palestras contando sua historia de superação e publicou o livro Emagrecendo e superando limites com uma
bicicleta, a princípio, um diário de bordo. Com a arrecadação das vendas do
livro vai por em prática o novo projeto de ir para o Canadá com sua moto,
somente com o dinheiro do combustível.
Oliveira sente orgulho
do que fez, pois conseguiu alcançar seu objetivo e é exemplo de motivação para
muitas pessoas, recebe mensagens de carinho, agradecimentos e conta que pôde
evoluir como ser humano após essa experiência. “Aprendi sobre a humildade,
bondade e que a maioria das pessoas é boa, ao contrário do que dizem. A mesma
pessoa ruim tem dentro dela um pouco de bondade, assim espero, na minha leve
inocência”.
Texto: Vanessa
Ferranti/AgênciaJor
Fotos: Vanessa Ferranti e arquivo pessoal do entrevistado
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