“Claudio, isso
dá samba, hein, malandro? Canta comigo, canta comigo!” “Será, Dentinho? Espera
aí, deixa eu chamar o Mestre Perdigão para ajudar a escrever essa letra aí.” É
assim, a partir de um simples diálogo na cozinha — enquanto a esposa
de um dos sambistas prepara o macarrão que será servido no almoço coletivo —,
que pode surgir um samba que reúne três gerações, de três cidades
brasileiras diferentes. O almoço acontece antes do show de aniversário de dois
anos do Projeto Samba da Opinião, em um domingo de calor na cidade de Ribeirão
Preto, interior de São Paulo. Humildade, respeito e irmandade estão presentes
na fala seguinte de Paulo Perdigão, que, mesmo sendo o mais experiente de todos
os presentes, conclui a conversa dizendo: “Malandros, vocês são ‘caneta
nervosa’ também! Eu, humildemente, vou só colocar uns pingos nos ‘is’ aí.”
De acordo com
Olga Simson, no livro: “Cupinzeiro: O
samba paulista e suas histórias”, o ritmo surgiu
na África e, segundo as línguas umbundu e banta, significa “estar animado,
estar excitado” e “pular e saltar com alegria”, respectivamente. Ao chegar ao
Brasil com os escravizados, o samba recebeu novos ritmos e denominações
diferentes, conforme a região do país. No Nordeste, recebe o nome de coco;
em Pernambuco, samba de matuto; na Bahia, juntamente com as
influências das religiões afrobrasileiras, é chamado de samba de roda.
Em meados do século XIX, chegou ao Rio de Janeiro, trazido pelos baianos, e
recebeu o nome de samba de partido alto. No mesmo estado, no início
da década de 1930, surgia o samba de breque (breque é uma
parada súbita que o cantor faz para encaixar uma frase durante a execução da
música).
Além disso,
durante os anos de 1940, em meio à Ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas,
foram criados sambas para acompanhar os desfiles, os quais deveriam possuir
temas relacionados às questões históricas e patrióticas, surgindo assim o samba-enredo. No
Rio Grande do Sul, é chamado de batuque. Já, em São Paulo, recebeu
diversos nomes como samba de bumbo, samba de lenço e samba rural. O
ritmo se fortaleceu com a chegada dos negros às fazendas paulistanas de cana e
café. Eles faziam bumbos com troncos de árvores, que embalavam as danças
religiosas, como o jongo, por exemplo.
Claudio Silva (Panela do Samba, Sorocaba): “O
foco do samba autoral é valorizar o compositor da obra”
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Dentro dessas
variações do samba, existe o samba autoral. Segundo Claudio Silva, fundador do
Projeto Panela do Samba, em Sorocaba, e pesquisador musical, o samba autoral
ocorre quando o autor está presente no local onde está sendo executada a
música, seja para cantá-la ou apenas assistir à apresentação. “Ah, vamos cantar
o samba de fulano, não! Ele não está presente, então não vamos cantar”, ele
exemplifica. Silva, que também faz palestras sobre samba e cultura africana,
salienta que isso é uma oportunidade de trazer uma visibilidade social para o autor,
não desmerecendo o intérprete. “Não estamos desvalorizando o intérprete, ele é
muito importante. No passado, muitos sambistas não eram letrados, então
dependiam do intérprete. Ele se tornava um parceiro da música e a levava para a
mídia, mas o nosso foco é fazer com que o autor da obra seja conhecido. Tem
muitos ‘caneta nervosa’— aqueles que escrevem bem — por aí que
não são valorizados”, defende Silva, que participou da criação do Projeto
Semente do Samba e apoiou o surgimento do Projeto Samba da Opinião, em Ribeirão
Preto, inspirado pela movimentação sorocabana nesse sentido. “Esse intercâmbio
de cidades e gerações é indescritível”, destaca Agrício Costa, produtor musical
e um dos idealizadores do Projeto Samba da Opinião, que recebeu, recentemente,
representantes do samba de várias cidades, como Ribeirão Preto, Diadema, Tatuí,
Recife e, é claro, Sorocaba.
Falta de reconhecimento e de apoio
Apesar da alegria nas rodas de samba e dos aplausos do
público, que dança entre uma cerveja e outra, a vida de sambista autoral não é
feita somente de sorrisos. “Passei esses tempos tentando entrar no cenário
da música em São Paulo e fiquei assustado com o que vi e senti ao bater de
porta em porta. Vi que a falta de conhecimento da nossa cultura é muito grande.
O que mais me assusta é o fato de as pessoas não quererem dar oportunidades
para o novo.” O desabafo vem de Denis Costa (conhecido como Denão), músico,
compositor e integrante do Projeto Kizumbamba de Tatuí, que, em 2019, completa
cinco anos.
Silvio Modesto (à dir.)
acompanhado pelo cavaquinista Edmilsom Maranhão (Projeto Semente do Samba,
Sorocaba
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A mesma frustração pode ser manifestada, também, em forma
de música: “Mas
não é a mim que você vai subornar / Você não é compositor
como é que você quer gravar? [...] Fazer samba é
privilégio, não se aprende em faculdade / Você diz que compra
tudo mas a mim você não corrompe / O meu talento é um
dom / E não há dinheiro que compre [...] Você é ‘comprositor’”. Os
versos são da canção “Rei da Cocada Preta”, de Bezerra da Silva, e fazem alusão
ao “comprositor”, expressão que pode se referir a um agente oportunista, um
empresário musical ou um cantor famoso, que paga uma quantia muitas vezes
irrisória ao compositor original e vende ou apresenta a obra como sua, obtendo
grande lucro ou reconhecimento social.
“Tive muitos amigos que, por necessidade, venderam sua
letra em troca de meia dúzia de sacolas de supermercado. Não concordo, mas o
malandro precisava colocar comida na mesa para as crianças comerem, poxa!”,
afirma Silvio Modesto, com lágrimas nos olhos.
Carioca com mais de 80 anos de vida e naturalizado
paulistano, Modesto é sambista, compositor, ator e ritmista das antigas. Ganhou
mais de 20 disputas de escolha de samba-enredo em escolas do Rio de Janeiro e
São Paulo. Já teve suas composições gravadas por artistas como Beth Carvalho,
Bezerra da Silva, Originais do Samba, Jovelina Pérola Negra, Benito di Paula e
Arlindo Cruz. Como ritmista participou da última gravação ao vivo do mestre
Cartola. Fez amizade e andou ao lado de grandes compositores como Geraldo
Filme, Toniquinho Batuqueiro e Zeca da Casa Verde. Durante a primeira década
dos anos 2000, lançou o CD “Silvio Modesto em Oficina do Samba”, com 21 faixas
de sua própria autoria.
Participando, a convite de Silva, de diversos eventos para
a promoção do samba autoral na cidade de Sorocaba, Modesto, que faz parte da
velha guarda da ala de compositores da escola de samba G.R.E.S. Pérola Negra,
comenta sobre o reconhecimento de sua obra e a presença de sambas em
plataformas digitais de músicas. “Esse menino — o Rafael Pereira
Poujo, músico integrante do Grupo Firma o Ponto, de Sorocaba —, durante o
almoço, me mostrou no celular dele uns programas aí que tocam minhas músicas.
Eu nunca tinha visto e não recebi nenhum centavo disso aí. Não quero fama, nem
ficar milionário, só quero uma graninha para mim e para os meus companheiros,
para poder sobreviver, e que a minha obra seja reconhecida. Só isso, poxa, me
ajuda aí ô! ”, conta, indignado.
Rafael
Poujo (ao fundo), em apresentação do grupo Firma o Ponto em Sorocaba, com a participação
de Dentinho D’Oxóssi
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Relatos de preconceito
Definido como “quem gosta de viver sem trabalhar; vadio; preguiçoso” pelo dicionário Aurélio, o termo malandro, que é uma forma de tratamento para quem faz parte do samba, admite um significado bem diferente daquele que está no dicionário. “Quando se chama um cara de malandro, estamos querendo dizer que ele é bom. Levanta cedo, rala o dia todo para trazer a comida para dentro de casa e ainda cumpre seu compromisso com o samba. Malandro é aquele que dribla as dificuldades com sorriso no rosto”, explica Perdigão. Sambista desde 1973, ele nasceu no Rio de Janeiro e participou de escolas e rodas de samba na Baixada Fluminense. Ele foi homenageado pelo amigo Bezerra da Silva, na música QG do Samba, sendo chamado de bamba (aquele que é bom no que faz). Vivendo na cidade de Recife, em Pernambuco, há 26 anos, Perdigão, que também é artesão e artista plástico, comenta sobre o preconceito vivenciado por ele, em decorrência de não ser um sambista nascido no estado onde vive: “Eu já sofria preconceito no Rio de Janeiro. O carioca não reconhece quem vive na Baixada Fluminense, não respeita o samba que não é da capital. Aqui no Recife eu sofro por ser um forasteiro, como dizem. Mas isso é ciúmes de algumas pessoas de fora do ramo, por eu ter gravado dois discos já. A galera do samba de verdade não tem ciúmes dos irmãos.”
“O samba é meu amor, faço por paixão mesmo. Tem muita gente que fala: ah, esses caras que fazem samba de segunda-feira são tudo vagabundo. Eu sou pedreiro, ralo o dia todo no sol e à noite pego meu cavaco e venho cantar meu samba. Isso ninguém vê”, completa Edmilsom Maranhão, integrante do Projeto Semente do Samba, de Sorocaba, que se apresenta semanalmente em um bar da Vila Fiore e que, em 2019, completa 13 anos de existência.
Edmilsom Maranhão
(ao fundo), em uma apresentação do Projeto Semente do Samba no Bar do
Carlinhos, na Vila Fiore, em Sorocaba
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“Quando deixei meu emprego em uma gráfica para me dedicar ao samba, muitos amigos e até parentes me criticaram muito. Falaram que eu tinha endoidado, virado vagabundo”, conta Silva, sorrindo.
Modesto comenta que, além das dificuldades financeiras do início de sua carreira, ter sido um sambista negro na cidade de São Paulo durante o governo militar era algo extremamente complicado, devido à repressão policial. Muito do preconceito sofrido pelo samba autoral ele atribui, também às letras das canções, que abordam conteúdos relacionados às ideologias, aos posicionamentos políticos e ao cotidiano do pobre e do negro, além da defesa das religiões de matrizes africanas.
Dentinho D’ Oxóssi, o idealizador do Projeto Resenha dos Sujos, de Diadema, comenta que o preconceito é algo antigo. O nome do projeto faz referência ao fato de os integrantes sempre se encontrarem no fim do dia, muitas vezes sem banho, ainda “sujos” pelo trabalho diário. “Eu cresci ouvindo samba”, ele diz. “Minha mãe cantava Contos de Areia, da Clara Nunes, para eu dormir. Meu pai tocava violão e ouvia muitas serestas. Os meninos da minha época só ouviam outros estilos; eu era o único que ouvia samba, e eu sofria muito preconceito por isso”.
O sambista, que faz parte da ala dos compositores da escola
de samba Camisa Verde e Branco, cita uma passagem de sua infância, quando foi
repreendido por cantar um trecho da música Bicho Feroz, de Bezerra da Silva.
“Um dia eu estava na escola com aula vaga e passei no corredor cantando ‘você
com revólver na mão é um bicho feroz, sem ele anda rebolando e até muda de voz’.
A professora me levou para a diretoria dizendo que eu estava fazendo apologia
ao crime. Eu era moleque, tinha 11 anos, nem imaginava o que era e nem que
existia apologia”, ele relata. Dentinho comenta que foi seu pai quem o
apresentou à obra de Bezerra da Silva e, por ele ser muito correto, acreditou
que seria penalizado pelo ocorrido na escola. “Quando cheguei em casa, eu já
esperava que meu pai fosse me dar uma surra, mas quando eu falei que não estava
atrapalhando ninguém e nem perdendo aula, apenas cantando, ele me disse: esses
professores do hoje não sabem o que é cultura de verdade”, relembra Dentinho,
rindo.
Resistência e residência
“O samba é um movimento de resistência, pois as pessoas
deixam ele chegar até certo ponto. Como podemos ultrapassar esse ponto?
Transformando um projeto em um instituto por exemplo. Através desse instituto,
você consegue dialogar com o poder público, criar políticas públicas para o
samba. Isso ocorre no Rio de janeiro, onde existem as redes de roda de samba.
Os músicos são remunerados e capacitados. É onde se consegue separar o joio do
trigo”, afirma Silva, ao explicar o que é uma das palavras de ordem que se ouve
entre todos os membros dessa tribo.
“Resistência é ir contrariamente ao que o poder público
quer, que é nos colocar sempre à margem. Precisamos estar cercados de grandes
músicos e compositores, precisamos nos posicionar politicamente, mas sem ser
radicais. O samba é um gênero que deu uma identidade cultural ao Brasil. E para
chegar nessa resistência a gente tem que lembrar do jongo, da capoeira, do
batuque e de um povo escravizado que resistiu, para que nós pudéssemos fazer
samba hoje”, ele defende, comentando, também, que a criação de seminários,
palestras e rodas de conversa sobre o samba pode servir de auxílio a essa
resistência.
Outro conceito muito utilizado e defendido entre os
compositores autorais é a residência, ou seja, a existência de um local
específico para suas atividades. “Samba autoral em Sorocaba é um desafio. A
cidade não tem e nunca teve um núcleo, um verdadeiro movimento de sambistas
autorais. Quando você não tem isso, você tem que construir, e isso não se dá do
dia para a noite. Surgem vários compositores bons, mas também muitos ‘boi com
abóbora’ — expressão que significa algo de pouca qualidade. Então é
necessário ter bastante critério, porque, senão, você acaba sendo rotulado como
um movimento de samba autoral de baixa qualidade”, diz Silva.
Essa não é uma questão exclusiva de Sorocaba. Para
Perdigão, o estado de Pernambuco, onde ele vive, ainda precisa criar uma
residência para o samba. Apesar de a cidade de Recife ser considerada o 3º
maior polo consumidor de samba do país, quase tudo o que é consumido vem do Rio
de Janeiro. “Para valorizar a cultura pernambucana e fortalecer a nossa
residência, eu tenho lutado para a inclusão de instrumentos regionais como a
alfaia, a zabumba, o triângulo e a sanfona nas escolas de samba. Eu já vi
colocarem os nossos ritmos e instrumentos no meio do samba no Rio de Janeiro,
mas por aqui não”, conta Perdigão.
“Tem muito talento querendo mostrar seu trabalho, vejo isso
todos os dias. Eu peço que resistam! Confiem no trabalho. Não é que ele é ruim;
é a cúpula, a panela, não querendo que você mostre. Agradeço pelos nãos que eu
recebi, isso me faz acreditar mais no meu trabalho, no dos meus amigos, e
continuar resistindo”, enfatiza Denão.
Continuidade
“Entristece-me ver essa nova geração de sambistas dizer que
o samba raiz é do grupo Fundo de Quintal para frente. Quem fala isso se esquece
dos que vieram antes, como Paulino da Viola, Zé Keti, Carlos Cachaça, Cartola e
outros”, relembra Perdigão, refletindo sobre a falta de valorização das gerações
passadas, por parte de alguns músicos da atualidade.
Segundo Silva, continuidade significa respeitar os
sambistas mais antigos, fortalecer os atuais, e ensinar as gerações futuras.
“Quem fala que o samba raiz é de 1980 para cá, está deixando de lado caras como
Geraldo Filme, Candeia, Silas de Oliveira, (ambos já falecidos), Roque
Ferreira, Martinho da Vila. Eles não eram somente compositores, tinham todo um
contexto social e ideológico por trás”, complementa ele.
Para Dentinho, o samba autoral tem sido mais valorizado
hoje, em comparação a quando ele começou a compor, mas ressalta a importância
do respeito ao passado para que exista uma continuidade. “Tem gente que torcia
o nariz quando você falava que ia tocar um samba próprio, hoje está melhor. Mas,
mesmo assim, se eu não respeitar a velha guarda, eu não posso cobrar que um
músico de hoje cante o meu samba lá na frente”, ele defende.
Para Perdigão, as escolas de samba precisam mudar suas
formas de trabalhar com a comunidade, para que ocorra um fortalecimento da
classe e a possibilidade de futuro. “As escolas deveriam ser um centro
aglutinador, trazer renda para a comunidade, por meio de projetos como, por
exemplo, as casas de costura, para a confecção de vestimentas para grandes
festas populares. Escola de samba não é só para batucar, é para desenvolver a
comunidade. A bateria não ensina o integrante a afinar seu instrumento, por
exemplo, e isso faz falta a ele”, opina Perdigão.
“Faltam escolas de samba que valorizem realmente suas alas
de compositores. Quem é referência de samba em Sorocaba há 50 anos? Não tem! No
Rio tem, em São Paulo tem, em Sorocaba não. Por isso a gente está plantando a
sementinha do samba e vamos regando todos os dias, para que se tenha uma
referência no futuro”, diz Silva.
Questionado sobre o motivo do samba autoral ainda não ter
alcançado patamares mais altos, ele comenta sobre a falta de identidade e a
procura pela autopromoção, e não por uma promoção coletiva. “Martinho da Vila
por quê? Porque ele é da Vila Isabel, ele a representa. Tem o Tantinho da
Mangueira, o Monarco da Portela, e assim por diante. Isso é ter uma identidade,
mas você tem que criar ela primeiro. Muita gente me conhece como Claudio do
Panela do Samba. Mesmo que eu esteja fazendo um show solo, eu carrego comigo de
onde eu venho.Após você adquirir essa identidade, você pode seguir para onde
você quiser, desde que você continue fomentando a ideologia do samba, sem
perder a essência. Quando se torna só comercial, existe um prazo de validade.
Não perdura porque não tem raiz”, defende Silva.
Ele explica que o termo projeto, em vez de grupo, é
utilizado devido ao fato de palavra grupo trazer uma conotação de algo
“fechado”, onde se existe um “dono”. Ao contrário de projeto, que, na sua
visão, quer dizer algo coletivo, que não irá acabar, mas que não deixa de ser
organizado e coordenado por um “colegiado”.
Para Dentinho, a modernidade pode ser um obstáculo para o
desenvolvimento do samba autoral. “Existem muitos caras que escrevem por aí.
Mas não na linhagem do samba tradicional e sim desses pagodes modernos, só para
tocar na rádio. Quando eu chego na mídia e falo que faço samba autoral em um
boteco de segunda-feira, eles me chamam de doido”, diz.
“Na minha visão, o problema está no público”, aponta
Maranhão. Muitas vezes ele não dá atenção. Não aceita o novo, o autoral. Eles
têm preguiça de parar, ouvir, e refletir sobre o que aquele samba está falando”,
Segundo Perdigão, a existência de um palco distancia o
público do cantor. Ele enfatiza que a manutenção dos shows em formato de rodas
de samba pode ser o segredo para a continuidade do samba autoral no país. “Em
um show, as pessoas precisam estar mais perto, sentir que você é igual a elas e
não uma estrela que elas têm que admirar. Muitas das rodas de samba, hoje em
dia, só tocam samba. No passado, os sambistas conversavam muito entre si e com
o público durante o show, era uma verdadeira roda de conversa. Toda canção
trazia e gerava uma reflexão”, ele diz.
“Falta independência musical para as pessoas. O público
engole a cultura de massa. Ouve o que lhe é imposto, e não o que quer ouvir.
Isso fecha portas para o samba autoral”, conclui Rafael Pereira Poujo,
percussionista, líder do grupo de maracatu Makumby, e integrante do grupo Firma
o Ponto, juntamente com Silva e Agrício Costa.
Agência Focs / Jornalismo Uniso
Texto e imagens: Rafael Filho.
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