Hoje
a população brasileira ocupa a 59ª posição no ranking de falantes da língua
inglesa, atrás de países como a Lituânia, o Vietnã, a Costa Rica, o Peru e
Taiwan, o que configura um
dos grandes desafios para a internacionalização das universidades no Brasil. Os dados, atualizados para 2019,
são do English Proficiency Index (EPI).
O
processo de internacionalização de uma universidade é complexo, mas vantajoso,
expandindo demandas de pesquisa e aumentando as perspectivas de atuação dos
estudantes, além de atrair novas matrículas e propiciar um ambiente de aprendizagem
intercultural. Para que isso seja possível, contudo, o assessor de Relações
Nacionais e Internacionais da Universidade de Sorocaba (Uniso), Osmar Renato
Siqueira, defende que é particularmente importante que o inglês seja ensinado
de forma eficiente nas escolas, de modo a ampliar o número de falantes de um
segundo idioma, o que também contribui para os negócios e o turismo no país.
Barreiras que impedem a comunicação
Intercambistas que viajam ao Brasil,
muitas vezes sofrem com as barreiras de comunicação. Na maioria das
universidades brasileiras, as aulas ainda são majoritariamente ministradas em
português. O fator linguístico foi muito determinante para Huub Woutermaertens. Nascido na
Bélgica, estudou no Brasil entre o segundo semestre de 2017 e o primeiro
de 2018. O ex-estudante de Gastronomia da Uniso conta que, no início, teve
dificuldades em criar vínculos com as pessoas e de entender parte dos conteúdos
ministrados em aula. A atenção personalizada dos professores foi essencial
nesse processo.
O mesmo aconteceu com a estudante de
Engenharia Civil Luisa Dias Perez, em outra faculdade da região, que soube de
sua viagem um mês antes de embarcar e, por conta disso, saiu da Colômbia com
destino ao Brasil sem nenhuma introdução ao português. “Cheguei aqui sem saber nada, mas isso não me fez desistir.
Eu me cansava e doía a cabeça ouvir tanta gente falando sem que eu entendesse.
Chega num momento em que você acha que não vai aprender. É difícil aprender um
idioma do nada, mas jamais pensei em desistir.” Em seu caso, também, o auxílio
de docentes e colegas foi essencial para a completa imersão no ambiente
acadêmico e na cultura brasileira.
O difícil processo para alcançar a
internacionalização
Nas instituições federais, o número
de estrangeiros representa menos de 1% da quantidade total de alunos, segundo
levantamento com base na Lei de Acesso à Informação. Alguns especialistas em
Educação defendem que o ideal, para manter o nível próximo ao de outros países,
como o Japão, seria manter o índice entre 3% e 5%. O presidente da Associação
Brasileira de Educação Internacional (Faubai), José Celso Freire Júnior, em
reportagem para o jornal Metrópoles, explica que uma das razões para o país ser
pouco atrativo a intercambistas é a baixa oferta de aulas ministradas em
inglês. Ainda que o português seja a sexta língua mais falada no mundo,
dificilmente um estudante europeu, asiático ou estadunidense chegará aqui tendo
noção da língua.
No caso do projeto de
internacionalização da Uniso, que é uma universidade comunitária, a reitoria
está trabalhando na ampliação das aulas e atividades oferecidas em inglês, não
só para que intercambistas se sintam mais à vontade dentro da universidade, mas
também para que os estudantes brasileiros tenham mais oportunidades de
vivenciar a língua inglesa.
“Tudo que for novo na universidade já
vai ser lançado bilíngue e aquilo que for antigo será substituído. Além disso,
os intercambistas recebem de nós, via assessoria, um suporte em relação às
questões culturais, já que estar no Brasil é um pouco diferente de estar em seu
país de origem”, destaca o professor doutor Rogério Profeta, reitor da Uniso.
Ele completa que o processo para a
internacionalização não é fácil e, por esse motivo, não existem muitas
universidades internacionalizadas no Brasil, mas que, aos poucos, a Uniso está
cruzando as barreiras.
“Nosso primeiro obstáculo já está
praticamente superado, já que temos um número considerável de docentes
fluentes. Mas ainda precisamos estimular os estudantes a aprender uma nova
língua. É inegável que, ao ter domínio da língua inglesa, os horizontes
profissionais se ampliam muito mais rápido.”
Ele lamenta que no Brasil ainda haja
uma resistência à internacionalização, defendendo que esse é um processo
necessário para receber estudantes internacionais e, ao mesmo tempo, ampliar a
visão de mundo dos brasileiros.
Agência Focs / Jornalismo Uniso
Texto: Ana Fragoso e Laura Mariano
Imagens: Ana Fragoso
Imagens: Ana Fragoso
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