Quem
não se lembra da aula de Artes na escola? A disciplina divide opiniões: por
muitos, é considerada vaga, ou mesmo inútil, apenas uma obrigação a cumprir,
enquanto outros a consideram uma positiva quebra na rotina, uma chance de
encarar seu lado artístico e expressar seus sentimentos.
No
currículo, as aulas de Artes foram incluídas pela Lei de Diretrizes e Bases, em
1971, como uma “atividade educativa”. Elas só foram se tornar uma disciplina
obrigatória em 2008, com a Lei Federal 11.769. Além da LDB, o Governo Federal
criou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) como referências para a
elaboração dos currículos escolares dos Ensinos Fundamental e Médio, tanto da
rede pública e particular, e, no documento, foram formulados os moldes que o
ensino de Artes deveria seguir, incluindo quatro pilares básicos: artes visuais,
música, teatro e dança.
“O
estudo das Artes é fundamental para um melhor desenvolvimento de diversas
habilidades, para ampliar o repertório cultural e ajudar a expressar os
sentimentos. Quando o aluno começa a ter atividades mais dinâmicas, a Arte
passa de uma obrigação para uma diversão”, defende a arteterapeuta Mônica
Setti.
Entretanto, nas salas de aula a realidade
é outra. Em uma matéria do Portal Aprendiz sobre o Fórum de Arte Educação de
2005, em São Paulo, a então Diretora da faculdade de Artes da PUC de Campinas
na época, professora Roberta Puccetti, lamentou a desvalorização da arte nas
escolas e afirmou que esse problema se dá devido ao fato de a LDB não ter uma
regulamentação que norteie essas aulas. “Não há na lei uma determinação
específica que diz como e quando essas aulas devem ser ministradas, por isso
cada estado lida com o ensino de artes como acha melhor”, explica.
Interdisciplinaridade
A professora de arte Simone Unterkircher
conta que um dos principais desafios é mudar essa imagem de que as aulas de
arte não são de grande importância. “É preciso conquistar os alunos com muito
diálogo e não impor atividades, porque isso não vai contribuir em nada.” Ela
complementa dizendo que, quando a disciplina é aplicada em conjunto com as
demais disciplinas, o processo de valorização se torna mais simples.
“Muitos profissionais também têm essa
visão de que a arte não é importante, mas, quando existe a possibilidade de a
disciplina de arte contribuir com as demais, exercendo um papel colaborativo e
tendo resultados positivos na aprendizagem dos alunos, aí acontece o
entendimento e o respeito para com as aulas de arte”, ela defende.
A professora levanta outro ponto de
discussão quando cita que um dos fatores que levam a essa idéia de que arte não
é algo importante de se aprender. “Deveríamos ter uma sala específica para a disciplina,
afinal, as aulas de Educação Física não tem o ginásio de esportes? As aulas de
Ciências não precisam de um laboratório? Por que com a disciplina de Arte seria
diferente? O problema já começa por aí. Fora a falta de materiais.”
Ela também desabafa que, por muitas vezes,
as próprias instituições de ensino perpetuam o descaso, dando ênfase às
atividades apenas em datas comemorativas e ignorando o restante dos conteúdos
abordados em sala, e que, apesar de muitas pautas para a melhoria do ensino
terem sido discutidas durante debates sobre os parâmetros da BNCC, elaborados
pelo próprio Ministério da Educação, poucas mudanças de fato aconteceram.
Agência Focs / Jornalismo Uniso
Texto: Erica Vaz e Vanessa Godinho
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